Archive for 13 de agosto de 2008

O que é Etnomatemática?


ETNOMATEMÁTICA

A Etnomatemática lança mão dos diversos meios de que as culturas se utilizam para encontrar explicações para a

Modelo por Ubirtan D'Ambrosio

Modelo por Ubirtan D'Ambrosio

sua realidade e vencer as dificuldades que surgem no seu dia-a-dia. (A Etnomatemática não se limita a Matemática!)

Etnomatemática propõe um enfoque epistemológico alternativo associado a uma historiografia mais ampla. Parte da realidade e chega, de maneira natural através de um enfoque cognitivo com forte fundamentação cultural, à ação pedagógica.

O Programa Etnomatemática reconhece que não é possível chegar a uma teoria final das maneiras de saber/fazer matemático de uma cultura, daí o caráter dinâmico deste programa de pesquisas. (Ao contrário da Matemática, que possuindo sua epistemologia fechada, quando se propõe a fazer um estudo com embasamento etnoantropológico, o faz fundamentado nas culturas mediterrâneas e nos algoritmos, como padrão que orienta a compreensão do modo de pensar matemático nas culturas estudadas).

Para pensar mais…….

A EPISTEMOLOGIA DA ETNOMATEMÁTICA

Muitas discussões têm sido levantadas por pesquisadores em Etnomatemática, a respeito da criação de sua proposta epistemológica, principalmente depois da criação do International Study Group on Ethnomathematics, o ISGEm, em 1985.

Segundo D’Ambrósio (2002), não se deve tentar construir uma epistemologia para a Etnomatemática, já que assim estar-se-ia propondo uma explicação final para a mesma, o que na sua visão, feriria a idéia central do programa, que é entender a aventura da espécie humana na busca de conhecimento e na adoção de comportamentos.

Por outro lado, pesquisadores de renome na área, têm levantado discussões a respeito do reconhecimento da Etnomatemática como uma Ciência, que estaria numa “zona de confluência” entre a Matemática e a Antropologia Cultural.

Sebastiani Ferreira (1991) recorre às idéias de Thomas Kuhn, um filósofo da Ciência, que no seu livro “A Estrutura das Revoluções Científicas” apresenta os caminhos que deve percorrer um acento científico desde seu nascimento até sua ruptura, através de uma revolução, e conclui que de acordo com as idéias kuhnianas, a Etnomatemática pode ser classificada como um acento, movimento e até mesmo uma filosofia, o que garante sua caracterização como um paradigma.

Modelo por Sebastiani

Modelo por Sebastiani

Segundo Alan Bishop (1989), existem duas correntes distintas de pensamento sobre Etnomatemática, a do casal Ascher e a de D’Ambrósio, mas podemos observar outras correntes na literatura etnomatemática.

Marcelo Borba (1988) define Etnomatemática como a matemática praticada por grupos culturais, como sociedades tribais, grupos de trabalho ou grupos de moradores.

Paulus Gerdes (1991) diz que a Etnomatemática está contida na Matemática, Etnologia (Antropologia Cultural) e também na Didática da Matemática.

Gelsa Knijnik (1993) chama de abordagem etnomatemática a investigação das concepções, tradições e práticas matemáticas de um grupo social subordinado e o trabalho pedagógico que se desenvolve na perspectiva de que o grupo interprete e codifique seu conhecimento; adquira o conhecimento produzido pela matemática acadêmica, utilizando, quando se defrontar com situações reais, aquele que lhe parecer mais adequado. Knijnik entende que a Matemática precisa ser compreendida como um tipo de conhecimento cultural que todas as culturas geram, assim como geram linguagem, crenças, rituais e técnicas específicas de produção.

D’Ambrósio (2002), acredita que a Etnomatemática possui várias dimensões que na maioria das vezes estão interligadas, e para efeito didático as classifica deste modo: dimensão conceitual, dimensão histórica, dimensão cognitiva, dimensão epistemológica, dimensão política e dimensão educacional.

Fonte: ETNOMATEMÁTICA: UM ESTUDO DA EVOLUÇÃO DAS IDÉIAS

Disponível em http://www.ufrrj.br/leptrans/8.pdf